Copasa licita perfuração de novo poço em Frutal 

 

Obras visam evitar interrupções no fornecimento de água causadas pelo aumento abrupto do consumo em decorrência da elevação das temperaturas em épocas de seca 

            Com a finalidade de aumentar a oferta de água em Frutal e garantir a continuidade do abastecimento em períodos de estiagem, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) licitou, no último dia 3, a perfuração de um novo poço profundo na cidade. As obras, avaliadas em R$12 milhões, terão início na segunda quinzena de fevereiro e a estimativa é que durem cerca de seis meses. Após sua conclusão, todos os aproximadamente 70 mil habitantes serão beneficiados. 

            O novo poço, chamado de “C-06” foi projetado para fornecer até 360 mil litros de água por hora. Considerando um dia inteiro, isso é equivalente a 8,6 milhões de litros de água. Um volume maior que a junção de três piscinas olímpicas e que, no período da estiagem, abasteceria, sozinho, durante 24 horas, 20 mil pessoas. Porém, vale ressaltar que, embora sua capacidade seja extremamente ampla, sua vazão será definida apenas após realização de testes e, posteriormente, depois do recebimento da outorga para seu funcionamento. A estimativa é que ele entre em operação no segundo semestre de 2024. 

            A unidade estará localizada no bairro Frutal II, na saída para Pirajuba. Assim como o atual poço (C-01), a nova estrutura também captará água no Aquífero Guarani, um imenso reservatório subterrâneo natural que possui uma das águas mais puras do planeta. A geolocalização de Frutal indica que a água captada poderá chegar a até 55°C, mas tal aspecto somente poderá ser confirmado durante testes de vazão, previstos para agosto deste ano. 

            Também em agosto, após realização das fases de testes cruciais para a operação, serão definidas as extensões e capacidades da infraestrutura que acompanhará o poço. Somente a perfuração dele está avaliada em R$6.860.677,72. Estima-se que, com a implantação de uma nova adutora, torres de resfriamento, elevatórias e reservatórios necessários ao seu funcionamento, os custos totais possam atingir a ordem de R$12 milhões. 

            A perfuração, que será de 1.200 metros, será executada por empresa especializada e ocorrerá durante 24 horas por dia. O engenheiro de produção e operação, Fábio Furlan, explicou a complexidade e necessidade do incessante trabalho. “As características geológicas do solo e a profundidade da escavação demandam essa dedicação ininterrupta. A parada da broca pode ocasionar o fechamento do poço e a perda dos equipamentos, além de afetar o prazo da obra. Portanto, uma vez iniciada, somente ao término do trabalho teremos condições de paralisar os serviços”, concluiu. 

            As obras poderão gerar ruídos para os moradores dos imóveis da região do bairro Frutal II. Técnicos da Companhia já estão mobilizados e estudam alternativas para mitigar o barulho. Para explicar o andamento do projeto – que terá início com a mobilização da empresa responsável na montagem do canteiro, passará pela perfuração e terá seu término com a realização de testes de vazão e bacteriológicos – integrantes do departamento socioambiental da Copasa farão uma visita porta a porta aos cerca de 1.100 moradores do bairro, antes do começo das intervenções. Na ocasião, serão explicadas as etapas da obra, os possíveis contratempos inerentes aos processos e os benefícios que ela gerará a longo prazo. 

            A expectativa é que o poço C-06 elimine problemas com falta de água na época da seca. A gerente regional Elenice Louback falou sobre a novidade. “O propósito deste novo poço é eliminar de vez situações pontuais de problemas no abastecimento a partir de 2024, pra que mesmo em época de seca a população tenha água em continuidade. E claro, como sempre, nós reforçamos que o consumo consciente é fundamental. Nós fazemos obras, nós estudamos a ampliação da cidade, mas o fato de ter água suficiente não quer dizer que seja necessário gastar cada vez mais, pelo contrário. Esse recurso essencial à vida é um bem finito e precisa ser preservado. Faz bem para o meio ambiente e para o bolso”, destacou a gestora. 

            Ela citou ainda que a operação do poço C-01, que começou a operar em 2022, já trouxe importantes resultados para o abastecimento do município. “Em 2022, com a operação do poço C-01, popularmente conhecido como ‘poço de água quente’, tivemos um cenário bem mais favorável em Frutal, em comparação com anos anteriores. É verdade que enfrentamos, por quase uma semana, problemas com intermitência no abastecimento, porque parou de chover, a temperatura subiu e, em um feriado, o consumo aumentou de forma abrupta. Então, nós precisamos fazer manobras para garantir o abastecimento. Mas o poço cumpriu o propósito dele, que era reduzir os impactos da estiagem”, disse.  

            O objetivo é que o poço C-06, que representará um acréscimo de 80% na produção de água no período de estiagem, que vai de julho a novembro, funcione somente na “época de seca”, em apoio à Estação de Tratamento de Água (ETA) e ao poço C-01, mas, se necessário, a estrutura também poderá operar durante outros meses do ano. 

            A Copasa também garante a qualidade e efetividade do novo poço de água quente. A tecnologia empregada na sua perfuração é a mesma utilizada pela Petrobrás para escavação na busca por petróleo.